A BUSCA PELA RIQUEZA E PROSPERIDADE NEURÓTICA
O termo neurose (do grego neuron) significa nervo e osis é a condição doente ou anormal. Termo criado pelo médico escocês William Cullen em 1787 para indicar "desordens de sentidos e movimento" causadas por "efeitos gerais do sistema nervoso". Na Psicologia Moderna, é sinônimo de psiconeurose ou distúrbio neurótico e se refere a qualquer transtorno mental que, embora cause tensão, não interfere com o pensamento racional ou com a capacidade funcional da pessoa. Essa é uma diferença importante em relação à psicose, desordem mais severa. Pois é. Quero falar sobre uma “nova” neurose.
Em nossos dias, não apenas em uma região do Brasil, mas de forma generalizada; diante da crise mundial, não é novidade que, boa parte da população brasileira vive uma vida sob pressão e angústia. A televisão e os meios de telecomunicações ditam as normas do que devemos ser, do que devemos ter e até, como devemos agir. Precisamos estar “de bem” com tudo, menos com nós mesmos. Diferente da idéia de Carl Gustav Jung, discípulo da Escola Freudiana e pai da Psicologia Analítica, que declaraque ”o que importa é navegar dentro do próprio Self - o Eu interior”. Ao contrário disso, vivemos em uma sociedade “plástica e descartável” onde, não importa qual seja o preço ou por mais exorbitante que seja, devemos lutar para chegar perto do padrão de vida dos ídolos das novelas. Olhamos os carros, os bens e a vida luxuosa que nos são apresentadas e desta forma nos assassinamos interiormente para cumprir este padrão. Mas, o que dizer dos suicídios suscitados por milionários infelizes? Dinheiro seria a resposta da felicidade? Para o Pensamento Cabalista, uma sabedoria oriunda de cerca de 5.000 anos, a riqueza é apenas o resultado de uma vida em equilíbrio. Neste pensamento, a riqueza não se refere unicamente ao âmbito material, mas a todas as áreas da vida de um ser humano. A palavra hebraica Shalom significa paz, no sentido de uma paz completa, ou seja, uma paz que abarca todas as áreas da vida de uma pessoa. Não diferente, a Tábua de Esmeraldas encontrada cerca de 3.500 a.C. que dizia: “tudo que está em cima é como o que está em baixo, tudo o que está dentro é como o que está fora”. Muitos séculos mais tarde, vimos Platão dizer que: “Tudo o que existe é cópia do mundo das idéias”. Diante de nossa sociedade materialista, perdemos o idealismo e até mesmo nossa alma. Diante deste materialismo desenfreado, estamos sendo burlados e destituídos de nossa verdadeira existência. Mas o que teria causado tudo isso? Primeiramente é importante entender que em nossa conjuntura social, não nos candidatamos a trabalhar naquilo em que temos paixão, mas procuramos áreas que sejam “lucrativas” visando conseguir um padrão de vida idealizado ou até mesmo imposto a nós. E quanto à realização pessoal? Uns dizem que é melhor enriquecer. Mas que enriquecimento é esse que rejeita a auto-realização pessoal? Freud, o Pai da Psicanálise, falava acerca do inconsciente humano, que o mesmo possui nossos desejos mais profundos. Dizia que os nossos desejos, condenados pelo nosso superego (a instrução de nossos pais e professores e demais autoridades sobre nós) e que as nossas lembranças mais desagradáveis, eram enterradas e meio que esquecidas. Isto, porque criamos assim, mecanismos de defesa do ego.